domingo, 4 de janeiro de 2009

Yaoi - Mas que diabos é isso afinal?

Bom... Quando me lancei ao desafio de postar esse blog, imaginei que trataria de assuntos polêmicos. Pois bem, creio que chegou a hora do primeiro deles. Em meados de junho do ano passado conheci, acidentalmente, uma garotinha lá do Amapá que se interessou por uns livros de RPG que eu havia colocado à venda. Enquanto negociávamos a transação, descobri que ela era fã e escritora de um estilo de mangá meio diferente, o chamado Yaoi. No início não dei muita bola, até saber que o tal do ayoi, ahoy, aoshi, yoai, yahoo, iô-iô... (é, demorei pra decorar) tinha uma temática extremamente peculiar: era basicamente protaagonizado por personagens gaúchos e são paulinos homossexuais! Minha primeira sensação foi de estranheza, paradoxo e, obiviamente preconceito. Na verdade até hoje só li um conto nesse gêrero, mesmo assim só após me garantirem que era bem "light" nada de cenas de sexo e afins... Bom, tem gosto pra tudo, não é mesmo? Então vamos lá... segue um artigo redigido por Ryoko-Chan, uma garota fantástica que achei perdida na net... Respirem fundo e divirtam-se:

Yaoi
Por: Ryoko-chan

O yaoi é um dos gêneros de mangá e animes que mais cresce em público, no Brasil e no mundo. Ainda assim, é um dos que mais sofrem preconceito, dentro e fora do meio otaku. E foi procurando os motivos para tanta aversão a esse gênero tão maravilhoso que surgiu essa matéria. Depois de algumas pesquisas e enquetes, descobri que além do motivo básico, a homofobia (que é crime, diga-se de passagem), um outro possível motivo para que as pessoas torcerem tanto o nariz, é que a maioria não sabe o que de fato é yaoi, e alimentam uma concepção bem errada a respeito do tema.

Afinal, o que é Yaoi?
Yaoi não é simplesmente “manga gay” ou ainda “hentai gay”. Muito longe disso. A palavra-chave para o verdadeiro yaoi é ‘romance’. Logo, o conceito mais correto seria “Yaoi é o gênero de mangás e animes focados no envolvimento romântico entre dois rapazes.” Esse romance se faz necessário, tendo em vista que o público-alvo do yaoi não são os gays – no Japão, os gays não costumam voltar-se para o yaoi, uma vez que o consideram muito distante da realidade, e por isso têm seu próprio gênero, bem diferente do yaoi. Lógico que muitos gays gostam de yaoi, mas eles ainda são minoria. O yaoi é feito por mulheres, e voltado para as mulheres, podendo até ser considerado uma vertente do Shoujo (a prova é que os primeiros mangás yaoi foram publicados em revistas shoujo e josei, antes da criação de suas revistas específicas). O amor yaoi pode ser platônico, idealizado ou carnal, mas tem que estar presente. As cenas de sexo surgem no yaoi como uma expressão do amor, e não como sua temática principal. Não é simplesmente pornografia, pois seu principal objetivo é encantar, e não só excitar. Geralmente são mais ‘suaves’ e menos vulgares que os hentais, embora não seja regra. Mas uma coisa é certa: Uma boa cena lemon (nome dado para o yaoi que tem cenas de sexo explicito) deve primar pela beleza e fugir das bizarrices (como aquelas proporções exageradas, tão comuns nos mangás e animes pornográficos voltados para o sexo masculino). Muitas das garotas que eu entrevistei afirmam que o lemon é diferente do hentai por ser, além de sensual, acima de tudo bonito, de uma beleza quase poética.

E como Surgiu?
As histórias do amor entre garotos dentro dos mangás (chamada de shonen-ai) surgiram na década de 70. Os primeiros mangás publicados foram November Gymnasiun, Tooma no Shinzou e Kaze to Ki no Uta, sendo que esse ultimo alcançou um sucesso inesperado, chocando o público com suas cenas ‘explicitas’ (nada comparado ao que podemos encontrar atualmente), comovendo e encantando por sua beleza e seu drama, tornado-se um clássico lembrado até hoje. A partir daí, o yaoi tornou-se gênero mainstream, ganhando diversas publicações especializadas, sendo que a primeira foi a revista June, que existe até hoje, competindo com muitas outras, todas interessadas em lucrar com esse amplo mercado consumidor. Já o termo yaoi surgiu da frase "YAma nashi, Ochi nashi, Imi nashi", que era utilizada para ofender doujinshis (mangás amadores) com a temática homossexual masculina, pois quer dizer "Sem clímax, sem objetivo, sem sentido". As fãs de um determinado mangá ou anime, como Cavaleiros do Zodíaco, por exemplo, começaram a reparar naquela forte amizade dos personagens, e começaram imaginar que por traz daquilo, poderia ter um amor. Aí surgiram doujinshis, fanzines, fanarts e fanfics. As fanfics, aliais, foram as responsáveis pela entrada do yaoi em outros países. Se o yaoi é um gênero conhecido hoje no Brasil, é graças às autoras de fanfics da década de 90, como a Sandy Youko, Somoyo, Leona-EBM e Kitsune, que ‘brincavam’ com personagens de Cavaleiros do Zodíaco, Yuyu Hakusho e Gundan Wing, séries que são até hoje as campeãs no número de fanfics yaoi em português.

Por que faz sucesso?
Eis uma pergunta difícil de ser respondida. O yaoi é algo que simplesmente encanta por sua beleza e romantismo. Existem muitas teorias sobre o porquê das mulheres se sentirem tão atraídas por um romance entre dois homens. A idéia de que “sem mulher, melhor” se faz muito presente nas fãs brasileiras. Mas o principal mesmo é a idealização, tanto do romance quanto dos homens, que se faz tão presente que leva as fãs a pensarem que o amor entre dois garotos é mais belo, puro, igualitário e perfeito que um romance heterossexual. Garotos no yaoi são sempre bonitos e o amor deles é poderoso, por vezes difícil e dramático, mas sempre lindo e capaz de superar todas as barreiras.

Curiosidades:
*O termo ‘yaoi’ está em desuso no Japão. As japonesas usam BL (Boys Love). Mas no ocidente, yaoi é o mais comum, sendo que muita gente costuma fazer uma diferenciação: Usam shonen-ai para histórias de romance leve, que envolva no máximo uns beijinhos, e yaoi para histórias mais maduras.
*A nível mundial, 76% dos fãs de yaoi são mulheres. No Japão, esse percentual chega a 85%. *69% do público têm entre 12 e 20 anos.
*57% das fãs brasileiras descobriram o yaoi por acaso, enquanto navegavam pela internet. 24% foi por indicação de amigos.
*Já foram licenciados mais 300 mangás yaoi nos EUA, além de diversas novelas gráficas, o que mostra a força do gênero no ocidente.
*Quase 60% das fãs de yaoi se consideram pervertidas, e boa parte orgulha-se dessa alcunha, especialmente quando se encontram entre outras fãs.


Algumas imagens (homomofóbicos saiam da sala):


Loveless


Gravitation: Primeiro yaoi lançado no Brasil


Boys Next Door



(Até tu Naruto? hahahaha)

Agora um pouco sobre a autora:

Ryoko-Chan descobriu o Yaoi graças às insinuações do mangá de X-1999. A princípio, não gostou nada, mas depois de olhar com alguma atenção, apaixonou-se pela delicadeza e beleza do amor entre garotos.
Logo descobriu-se viciada, baixando uma quantidade absurda de mangás, todos os animes yaoi já feitos, e lendo milhares de fanfics yaoi. Não tardou a ter vontade de começar a escrever também.
Sua primeira fic foi Blind Angel, a qual teve origem no final de 2006, e até hoje não foi encerrado, pelo vergonhoso ritmo de escrita da sua autora –a qual possui um sério lapso de foco e atenção. Mas conseguiu muito leitores, sendo essa a sua fic mais querida pelos leitores.

Escreveu algumas outras fics (que conseguiram ser terminadas rapidamente), dentre elas destacam-se o conto “Master, I Hate You” e a série de fics focada no demônio Belial, que teve como origem a fic “A Lenda de Fausto”.
Sua autora favorita é a Leona-EBM, pela qual possui adoração explicita (chegando ao estremo de chamá-la de ‘minha Deusa’). Adora romances bonitos e fofos, e lemons sangrentos e perversos. Ama metal, e muitas vezes se inspira nas músicas para escrever suas fics (já conseguiu transformar dois Power metal em yaoi).


Suas fics podem ser lidas no Nyah fanfiction:
http://fanfiction.nyah.com.br/ryoko_chan



Comentário Final: Esse negócio é té bonitinho, tem bastante gente que curte e tudo mais... Mas minha opinião pessoal é que como já dizia o poeta: "Cada um no seu quadrado, cada um no seu quadrado..." ;)

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6 comentários:

  1. Huahaauhaauahauhaau
    Olha eu aí! Nhai, né que é bonitinho?? *-*
    Cara, Yaoi é um gênero sem igual, muito bom, que eu recomendo para todos!
    E graças ao yaoi que eu comecei a jogar vampiro (porque me interessei pelos toreadores... hauaahauhauahau)
    E graças a Vampiro que eu conheci o Tio Cleber! hehehehe
    Beijos!!

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  2. E Obrigada pelo espaço! *-*

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  3. Eu é que agradeço o artigo! (Mais uma vez)

    Só não venha querer me converter... O fato de eu simpatizar com o cla Toreador não me dá necessáriamente pré-disposição pra certas experiências menos ortodoxas! hahahaha

    Bjão!

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  4. ryoooooooookoooo!!!!
    hasuhausha amei seu artigo!!!
    isso, YAOI RULEZ lol
    xDDDD

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  5. Hum, essa garota sabe escrever muito bem, com uma narração que nos deixa sem fôlego e não falo isso porque tenho uma amizade com a Ryoko, afinal, eu sou muito crítica no universo dos fanfictions e sempre desejo um bom trabalho de todos os autores. E passo essa mensagem para parabenizar o blog por entrevistar uma autora decente e com ótimos trabalhos, que fogem da mesmice e caem no profundo romance das contradições, da irracionalidade e do amor sofredor.
    Parabéns pelo seu trabalho Ryoko, continue seu trabalho.
    Abraços,
    Leona-EBM

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  6. Muito legal o artigo. Eu AMO yaoi e vou ler as fics! ^.^

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