terça-feira, 10 de agosto de 2010

O preço da ganância. Quem paga a conta?

 

Quando boas ações são realizadas com más intenções, os resultados certamente não serão bons

Fiquei surpreso, mas não impressionado ao tomar conhecimento da nota publicada ontem no site do Estadão:

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Soldados americanos adoecem com queima irregular de lixo

Por: Andrea Vialli - O Estado de S. Paulo

Centenas de soldados e civis americanos que atuam em bases militares no Iraque e no Afeganistão estão sofrendo de câncer de pulmão e de outras doenças respiratórias. A causa seria a queima do lixo nos dois países, realizada por uma empresa do Texas, Kellog Brown and Root, responsável pelo serviço.

A empresa está sendo processada na Justiça por mais de 240 pessoas. “A empresa queimava todo tipo de lixo, de garrafas plásticas a animais mortos, sem nenhum tipo de tratamento”, afirmou um dos soldados. Em março, as Forças Armadas proibiram a queima dos resíduos a céu aberto.

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Minha memória não é lá das melhores, mas o nome Kellog Brown me soava familiar (e não era por causa do sucrilhos…), então recorri ao “São Google” e encontrei um artigo que havia recebido por e-mail há uns 2 ou 3 anos atrás, que falava das “Mais procuradas” corporações violadoras de direitos humanos de 2005.

E adivinhem quem estáva lá…

KBR (KELLOGG, BROWN AND ROOT): UMA SUBSIDIÁRIA DA HALLIBURTON CORPORATION

Violações de direitos humanos: Preços excessivos e fornecimento de serviços desnecessários à custa do dinheiro dos contribuintes, suborno, exploração de cidadãos de países terceiros.

A KBR é uma companhia privada que presta serviços de apoio militares. Notória pela sua questionável contabilidade, práticas de faturação desonestas, e contratos sem licitação (no-bid contracts), a KBR violou os direitos humanos à custa do dólar americano.

A KBR fornece apoio logístico chave para a guerra, a ocupação e a detenção ilegal. A companhia fornece os serviços de apoio críticos de que as tropas dos EUA necessitam para poderem continuar a sua ocupação do Iraque. A KBR também construiu as instalações de detenção na Baía de Guantánamo, onde centenas de detidos definharam durante mais de três anos, muitos dos quais sofreram tortura e morte.

A contabilidade dúbia da KBR no Iraque veio à luz do dia em Dezembro de 2003 quando os auditores do Pentágono questionaram os preços excessivos da gasolina importada. Antigos empregados testemunharam que a KBR facturou sacos de lavandaria de 100 dólares e caixas de refrigerantes de 45 dólares, falhando em fornecer simples partes mecânicas para filtros de óleo, dando como alimento a soldados rações fora do prazo de validade, e cobrando por refeições que nunca serviu. Em Junho de 2005, uma auditoria anteriormente secreta do Pentágono criticou 1,4 mil milhões de dólares em gastos «suspeitos» e «indocumentados».

No entanto, dada a história da KBR, isto não constitui surpresa. Em 2002, a companhia pagou 2 milhões de dólares para finalizar um processo com o Departamento de Justiça que acusava a KBR de inflacionar os preços dos contratos em Fort Ord, na Califórnia. Em 2000, o GAO [Government Accountability Office] escrutinou a KBR por preços excessivos e por fornecer serviços desnecessários nos Balcãs. Subornos a responsáveis locais (tal como na Nigéria) ou a subcontratistas também parecem ser parte do modus operandi da KBR.

Muitos cidadãos de países terceiros (TCN, das siglas em inglês) foram contratados pela KBR para “reconstruir” o Iraque. Geralmente oriundos de países pobres da Ásia, tornaram­‑se inesperadamente parte da maior força de trabalho civil jamais contratada para o apoio a uma guerra estadunidense.

Uma rede intrincada de subcontratistas que recrutam e empregam a maioria dos TCN baixa os custos dos principais contratistas e impede qualquer inspecção por parte de auditores de contratos. Os trabalhadores contraem frequentemente empréstimos usurários para pagar a comissão de um intermediário pelos trabalhos no ultramar. Uma vez no estrangeiro, os trabalhadores encontram-se com poucas protecções e com um estatuto legal incerto. Os TCN frequentemente dormem em reboques superlotados e esperam fora sob um calor escaldante para comer “zurrapa”. Muitos têm falta de cuidados médicos adequados e são colocados em trabalhos árduos sete dias por semana, 10 horas ou mais por dia. Poucos recebem equipamento apropriado de segurança no local de trabalho ou protecção adequada morteiros e rockets próximos.

A KBR é agora acusada de perpetuar o mesmo sistema em áreas destruídas ou danificadas pelo furacão Katrina. Vieram a público relatórios dando conta de subcontratistas da KBR que exploram TCN (desta vez, latinos), muitos dos quais não são pagos, nem alimentados, vivendo em condições precárias e sofrendo de doenças não tratadas.

Texto na íntegra aqui.

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http://blogs.abcnews.com/photos/uncategorized/2007/11/20/reportkbrdomi_mn.jpg
Que coisa, né?  Dando uma espiadela no site do The Hunffington Post vemos ainda que mais de 21 mil funcionários da KBR alocados no Iraque foram registrados em empresas de fachada nas Ilhas Cayman. Segundo o New York Times, o lucro com importações de petróleo iraquiano pela companhia Halliburton Co. (mãe da KBR) atingiu, só em 2004 a cifra de mais de 108 milhões de dólares.

A pergunta que fica é: Até que ponto vale a pena? Enquanto tanto se fala sobre sustentabilidade, campanhas de reciclagem, preservação da água, protocolo de Kyoto, vemos o mundo andando na contra mão, ao saber que o controle de nossa poderosa economia globalizada está nas mãos de grandes coorporações que, visando lucro a qualquer custo, cometem barbaridades como a exemplificada acima pela KBR.

Cabe a nós fazer a nossa parte, de forma consciente, deixando de lado essa história de pensar a longo prazo e fazer o famoso “futuro melhor para nossos filhos e netos” e buscar um PRESENTE MAIS DIGNO PARA NÓS, AGORA!

Pensem, reflitam, aproveitem esse momento de eleilção para escolher seu candidato de forma racional, pelo caráter e pelo que verdadeiramente ele pode fazer pela sociedade (e não pelo quanto ele vai enriquecer às nossas custas). Mas não terceirizem a culpa, colocando nas mãos dos governantes a responsabilidade por “fazer alguma coisa” isso é uma atitude covarde, medíocre e te torna tão culpado quanto os ditos corruptos.

Você joga papel no chão? Você recicla o lixo? Você faz algo de concreto ou tem apenas boas intenções? (das quais, diga-se de passagem, o inferno tá cheio!) Só quando nós, seres-humanos tomarmos vergonha na cara, pararmos de nos preocupar com o planeta e começarmos a fazer algo pelo planeta é que algo pode mudar.

Pense nisso… Mas não fique só no pensamento! Move your ass!

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